segunda-feira, 1 de junho de 2009

QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA

Na minha casa há uma porção de revistas PLANETA. Esses dias estava lendo a revista de outubro de 2007, e um texto me chamou à atenção.
O título do artigo é: 'Suicídio cresce no Brasil'. Abaixo, transcrevo partes do artigo:

"Aumenta o número de brasileiros, sobretudo jovens, que tiram a própria vida. No Brasil, nos últimos anos, as mortes por suicídio de pessoas entre 15 e 24 anos cresceram 1.900%
Temos um problema sério pela frente: no Brasil, em 20 anos, o número de mortes por suicídio cresceu 1.900% na faixa etária de 15 a 24 anos. Com tal incidência, representa a terceira principal causa de morte de pessoas em plena vida produtiva. As consequências atingem também a família. Pesquisas mostram que cada morte afeta - profundamente e por tempo prolongado - pelo menos cinco pessoas.
As estatísticas revelam a extensão de um problema que merece a nossa reflexão. Nos últimos 40 anos, as taxas de mortalidade mundial por suicídio subiram cerca de 60%. Nada menos do que um milhão de pessoas morrem por ano por essa causa - uma morte a cada 40 segundos, praticamente todas elas em consequência de depressão ou de algum transtorno mental.
Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) sinalizam que haverá mais de 1,5 milhão de vidas perdidas por esse motivo em 2020, representando 2,4% de todas as mortes. A OMS também registrou que permanece a tendência de crescimento das mortes entre os jovens, especialmente nos países em desenvolvimento.
Diante da gravidade do assunto, o tema há alguns anos passou a integrar as políticas de saúde pública em diversas partes do mundo. Com a criação de programas de prevenção, países como os Estados Unidos já estão conseguindo reduzir o número de casos. 'Isso mostra que a melhor conduta é criar redes de proteção para dar o suporte necessário às pessoas em risco e suas famílias', opina Humberto Corrêa, psiquiatra e chefe do Departamento de Saúde Mental da Universidade Federal de Minas Gerais.
Reduzir as taxas de suicídio é um desafio coletivo. A sociedade precisa romper com os tabus e se engajar nessa batalha. Apesar de não serem raras as famílias em que alguém não tentou ou morreu, pouco se fala do assunto. A mídia, um poderoso instrumento de educação e conscientização, também se omite sobre essa questão 'desgostosa'. 'Mas a nossa resposta não pode ser o silêncio. Nossas chances de chegar às pessoas que precisam de ajuda dependem da visibilidade', prossegue o médico".

Também nos últimos dias tenho dado uma 'espiada' na comunidade do orkut PGM (Perfil de Gente Morta). Numa dessas comunidades, é colocado o perfil da pessoa que morreu, bem como a causa de sua morte. Me assustou ver uma grande quantidade de pessoas que cometeram suicídio. A maioria dessas pessoas, como também traz a reportagem da revista, são adolescentes e jovens.
Passei a ler alguns recados de amigos para essas pessoas que tiraram a própria vida (acho estranho as pessoas ficarem enviando recados para quem já faleceu, pois não poderá mais ler nada. Mas as pessoas continuam mandando recados...). No perfil da maioria dessas pessoas, encontrei recados de amigos e familiares, pessoas que eram bem próximas. Estranho notar que na maioria desses perfis, havia recados que diziam mais ou menos assim: 'convivi contigo, éramos próximos... eras uma pessoa alegre... mas não conhecia tuas dores mais profundas... não entendi por que fizesses isso... por quê fez isso? pena que não te conheci o suficiente a ponto de te ajudar, a ponto de evitar que isso acontecesse...'
Lendo os recados, fiquei pensando: 'Que tipo de relacionamentos estamos construindo com as pessoas'?
Só pode ser que muitas pessoas tem relacionamentos vazios, de 'fachada'. Estranho ver que amigos, talvez os melhores amigos de algumas dessas pessoas que tiraram a própria vida, que talvez conviviam diariamente com a pessoa, não perceberam que a pessoa estaria vivendo de forma infeliz, a ponto de pensar em se matar.
Nossa resposta não pode ser o silêncio!
Fique atento à seus amigos. Preste atenção nas suas conversas. Tente perceber se teu amigo não está demonstrando sinais de que está pensando em atentar contra sua própria vida. Na maioria dos casos, o suicídio estava relacionado à casos de depressão. Fique atento a quem está com depressão. Muitas vezes isso pode começar com conversas do tipo: 'a vida perdeu a graça... perdeu o sentido... não encontro mais motivos para viver...' Essas conversas podem ser indício de que algo não está indo bem.
Desejo que possamos estar construindo relacionamentos verdadeiros. Que encontremos pessoas com as quais podemos desabafar, e falar de tudo o que se passa no nosso íntimo. Que possamos dar mais atenção às pessoas, não só fingir que estamos ouvindo, mas escutar com o coração. Que possamos investir tempo em relacionamentos sadios, em amizades verdadeiras!

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