segunda-feira, 25 de maio de 2009

SOBRE O "PAI NOSSO"



Ano passado tive que fazer um trabalho sobre a oração do Pai Nosso.
Hoje fiquei lembrando das reflexões que eu escrevi. Compartilho essas reflexões com vocês.

A oração do Pai Nosso tem a ver muito mais com o interior do que só com palavras. É necessário orar em espírito e em verdade.
A partir do Pai Nosso, eu posso saber quem eu sou. Sou criada a imagem de Deus, e pela fé, sou filha de Deus. Em Cristo, ganho a identidade de filha de Deus, filha do Rei.
O verdadeiro propósito da oração é a intimidade com Deus.
Deus é o modelo de Pai perfeito, é pai gerador e adotador. Se eu crio Deus à minha imagem, e não segundo a revelação, faço de Deus um ídolo segundo minha vontade, que caiba dentro do meu reino.
Deus não cabe em minha cabeça. Se coubesse, Ele deixaria de ser Deus. Ele cabe no coração.
É muito importante que pensemos no que estamos falando, quando oramos o Pai Nosso. De nada adianta eu orar o Pai Nosso, se não tomar atitude em relação à vida. Não adianta eu pedir para que Deus não me deixe cair em tentação, se eu ando em lugares ou faço coisas que me tentam. A oração deve ser seguida de ação. Temos que fazer também a nossa parte.
A oração do Pai Nosso me desafia a tomar algumas atitudes em determinadas situações, seguindo o exemplo de Jesus.
É fácil e natural responder com raiva, ódio e violência, mas Cristo era livre para amar e dizer: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo” (Lc 23. 34).
É fácil deixar abater-se pelas circunstâncias e viver triste. E Jesus sabe de tudo o que passamos: “Assim acontece com vocês: agora é hora de tristeza para vocês, mas eu os verei outra vez, e vocês se alegrarão, e ninguém lhes tirará essa alegria” (Jo 16. 22). E a alegria de Jesus se completa em saber que seus discípulos podem permanecer nEle (Jo 15. 11).
É muito fácil se deixar envolver por conflitos, intrigas, e conspirações. As ameaças do dia a dia nos levam a querer revidar. Mas, Jesus era livre para promover a paz, dizendo: “Guarde a espada! Pois todos os que empunham a espada, pela espada morrerão” (Mt 26. 52).
É fácil nos exasperarmos e nos impacientarmos diante das expectativas frustradas, dos planos que precisam ser adiados, das pessoas que são diferentes. Mas, Jesus, mesmo diante da urgência da doença e da morte era capaz de parar pacientemente entre a multidão que o exprimia e perguntar: “Quem tocou em mim?” (Lc 8. 45). Os discípulos, ainda imaturos nos frutos do Espírito já se impacientam: ‘mas como assim, quem te tocou?’
Agir com grosseria, gritar, falar mal e condenar também é algo muito fácil. Mas, só quem é livre pode agir com amabilidade e dizer: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra” (Jo 8. 7).
É fácil fazer chacota de quem hoje procura ainda agir com bondade. Todos logo associam a bondade com ser trouxa. Só quem é livre pode oferecer a outra face e ao mesmo tempo desafiar os costumes, dizendo: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam” (Mt 19. 14).
É muito fácil se deixar seduzir por outra pessoa traindo nosso cônjuge, não resistir diante de ofertas tentadoras e trair os amigos, flertar com outras idéias religiosas e práticas que prometem retorno aparentemente melhor e mais imediato. Porém, Jesus sabia-se livre para orar em fidelidade a Deus: “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres” (MT 26. 39).
É fácil lançar mão de bravatas, querer parecer forte, valente e intimidador, seja por palavras ou ações. Jesus, no entanto, era livre para deixar-se conduzir como ovelha ao matadouro.
É fácil ceder às tentações, cair nas ciladas do diabo, usar da desculpa de que a carne é fraca, justificar de alguma maneira a nossa falta de domínio próprio. Jesus usou a sua liberdade para, mesmo estando com muita fome, responder a satanás: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4. 4).

Ninguém chega a Deus sozinho.
A família é feita por aqueles que fazem a vontade de Deus.
Quando aprendemos a amar, aprendemos a ser santos. Amamos quando amados e seguros nas mãos de Deus.
Deus quer a salvação de todos, e que os salvos fiquem ligados a Ele, que amemos uns aos outros como irmãos.
Deus não nos dá o que merecemos, o castigo, mas nos dá o que não merecemos: a graça.
Quanto mais perdoamos, mais conseguimos crer no perdão de Deus. Perdoar os outros, pode ser humanamente impossível.
Deus quer dar o pão a todas as pessoas. Pão esse que é todo o necessário para nossa sobrevivência: a água, comida, vestimenta, amigos, família, lazer, trabalhos, etc.
Deus não quer nos dar o pão todo de uma só vez. Estar satisfeito pode ser mais perigoso do que ter fome e perguntar onde está o Deus da vida.
Deus nos oferece mais do seu amor quando vamos repartindo com o próximo.
Precisamos promover a paz, a justiça, oferecer perdão, amor, para que o reino seja viável já aqui.
Permanecer ligado a Deus, ajudando na salvação dos perdidos, amando aos outros como a nós mesmos. Ajudar para que não falte pão na mesa do próximo, distribuindo nosso pão, lutando pela igualdade.
Se de fato fizéssemos o que oramos, não haveria tanta diferença, tanta injustiça. Não adianta pregar justiça se não a vivenciamos. Assim ficamos com marcas de quem muito fala e pouco faz. A igreja cresce a cada dia, mas nem sempre tem sido bênção. Se fosse bênção, o mundo já seria diferente, não haveria tanta pobreza, morte e guerra.
Não adianta pedir sem nada fazer. É necessário agir, repartir. Se quisermos que Deus seja santo, devemos honrar seu nome, não fazendo sujeira dizendo ser em nome de Deus.
Precisamos fazer a vontade de Deus, amando, servindo e agindo. Ajudar para que todos tenham acesso a vida justa, digna de ser vivida.
Que possamos, como comunidade, como corpo de Cristo, permanecer Nele, anunciando e fazendo Sua vontade, até que Ele venha!

Que Deus nos cubra com Sua misericórdia e Sua graça! Que ao orarmos o Pai Nosso, não sejam apenas palavras vazias, repetidas, mas que sejam palavras que brotem do coração!

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